Geral

Amor felino

Denizart Fonseca

Na varanda de frente da casa em que residimos e todas as manhãs nos sentamos para nos atualizarmos através de leitura nos jornais e revistas, notávamos a entrada sorrateira de um felino – não sabíamos se gato ou gata – que se esgueirando pelos canteiros do jardim, adentrava a parte traseira do imóvel.
Até aí tudo bem, pois considerando que onde há gato não há rato, somos mais pelo gato e tomávamos aquelas visitas como colaboração gratuita, para a defesa e segurança contra os terríveis roedores.
As visitas antes espaçadas tornaram-se mais frequentes e em variados horários, o que causou preocupação, deixando-nos “de orelha em pé”… Qual seria a razão daquelas visitas, antes provocadas, talvez, em busca de água e comida não encontradas em casa de seus donos? E o grande número de vezes?
Ficamos na “tocaia” e para nossa surpresa, constatamos que o imaginado guarda, além de não desempenhar essa função, tratava-se de uma gata que se tornara hóspede, transformando um pequeno compartimento no fundo do quintal em maternidade e berçário para seus três pimpolhos…
E agora? Seria desumano dar-lhe ordem de despejo mesmo porque atravessava uma fase de resguardo e em período de amamentação das crias.
Tentamos nos aproximar, mas ela arredia, fugiu espavorida não sem antes esconder os filhotes, arriscando-se a ser maltratada e até morta, ficando à distância, pronta para intervir em auxilio, caso tentássemos prender os seus rebentos.
Sem alternativa, passamos a alimentá-la, dando-lhe condições para prosseguir amamentado e carinhosamente cuidando dos três recém- nascidos.
Para nossa surpresa – mais uma vez – notamos que sem se despedir, a mamãe gata, provavelmente em busca de mais confortável acomodação e melhor alimentação para si e consequentemente para os seus brotinhos, havia “puxado o carro”, transferindo a gratuita, mas provisória residência, levando as crianças que, certamente continuará criando e defendendo como devem fazer todas as verdadeiras mães independente de sua classificação – racionais ou irracionais. Embora desejemos sejam felizes, para onde foram não sabemos.
Este comentário visa estabelecer comparação entre essa mãe irracional e certas mães ditas racionais (?), que ao invés de, pondo em risco a própria vida, defender e proteger o filho, sem um mínimo de amor maternal, atiram-no ao mato, ao rio, em coletor de lixo ou perversamente matando-o antes mesmo de nascer, não merecendo assim a graça de poder gerar uma criatura e ser chamada de mãe.
Essa classe de mulher, para não se tornar assassina, deveria nascer estéril ou então submeter-se à cirurgia com esse objetivo.
Como animais racionais, eternos aprendizes, porém vaidosos pretensos seres perfeitos e inteligentes que somos, prosseguiremos recebendo lições até dos chamados irracionais, com os quais, sendo observados, teremos ainda muito a aprender.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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