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Cine Paratodos

O  velho prédio da rua Maurice  Allain, 213, conservado, trazia em sua fachada em letras garrafais o nome “Cine Paratodos”. Hoje, “Loja de Fábrica”. Não obstante, é depositário de lembranças…
Não tenho conhecimento do tempo em que foi construído. Quando pisei a terra de Rafard e a adotei, ele ali já estava cumprindo o destino de ser estabelecimento de projeções cinematográficas, de reuniões políticas, algumas importantes relembradas em páginas da “História de Rafard”.
Era ali local de divertimentos. Ali a nossa gente passava horas assistindo a filmes, entre os quais de faroeste, que empolgavam principalmente os moços que tinham pressa que chegasse a segunda-feira (dia de vaqueiro e seriado) para ver como se saía o mocinho da situação em que o deixavam os bandidos. As cenas sempre paravam em lances de suspenses.
Ali foram realizados concorridos bailes sociais e de carnaval. Companhias de Teatro, bem como Grêmios Dramáticos premiaram com divertidas horas os que iam prestigiar aos espetáculos. Solenidades de formatura de Primário (Ensino fundamental I) e de Ginásio (Ensino fundamental II). Desfile de modas, shows.  Até patinação também teve o seu tempo no salão do Paratodos.
No palco do cinema, o Festival de Música Popular Brasileira coroou-se de sucesso, marcou época. O término do festival aconteceu em um barracão da rua Abolição, que também foi pequeno para reunir tanta gente local e do Estado.
Mas qual é a mais importante lembrança que guarda o velho prédio? Esta: o nosso povo reunido em sua dependência caprichosamente ornamentada para ouvir a palavra que mudaria o destino de Rafard. Hora aquela, nítida em minha memória, de emoção, de expectativa, de silêncio não o da estrela esquecida no infinito do céu; não o da pedra perdida na solidão das coisas…  Era o silêncio das pessoas que assim se mantinham para ouvir o que ia dizer o MM. Juiz da Comarca de Capivari, Dr. Antonio Carlos  Alves Braga. Silêncio quebrado por aplausos e vivas a Rafard quando ele declarava em nome da lei instalada a Câmara Municipal de Rafard.
O coração rafardense tinha batidas descontroladas revertidas em lágrimas nos olhos e sorrisos nos lábios. Comemorava-se desse modo a grande vitória. Rafard iniciava, a partir daquele momento, sua caminhada pelos sonhados caminhos de sua municipalidade. E isso aconteceu no dia 21 de março de 1965 no velho prédio da rua Maurice Allain, 213, que se chamava Cine Paratodos.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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