Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Esperança e negacionismo

Nem sempre se pensa nessa possibilidade, a de morrer. E quando nascemos estamos caminhando para a morte e também para pagar impostos: especialmente no Brasil paga-se para nascer e para falecer.

E Thomas Ken, que foi sacerdote da igreja anglicana e compositor de hinos religiosos matutino, vespertino e noturno, demonstrava uma fé que todos devemos buscar, para ter serenidade íntima, não ter medo de voltar para casa e nem do repouso do corpo físico.

Assim como o escritor francês Victor Hugo, que dizia com esperança e sabedoria: “Depois da noite vem a manhã, depois da morte vem a vida plena”.

Maravilhosa mensagem destes dois sábios, dando-nos conforto.

O apresentador, ator e diretor, Antônio Abujamra, do programa da TV Cultura, Provocações, sempre provocava seus entrevistados: Como você gostaria de morrer? Como minha esposa, Izabel, a maioria dizia que gostaria de morrer em casa e dormindo, ao que ele costumava debochar do convidado.

Num programa, tendo como convidado o professor de ética da USP, Clóvis de Barros Filho, Abujamra faz essa pergunta e é surpreendido porque o convidado diz que “não gostaria de morrer de jeito nenhum, e algumas filosofias fazem acreditar que a morte não é nada para nós”. Sim, é uma simples passagem para nossa verdadeira origem.

Afirma o professor: “A verdade é que a morte é um horror quando a vida é feliz. E como minha vida é muito boa eu não quero que ela acabe”.

Em seguida o Abujamra pergunta, e se houver reencarnação, onde e como você gostaria de voltar? E Clóvis, aceitando a tese de que pode voltar, gostaria que fosse assim: “Ah. Eu gostaria de voltar professor da Universidade onde trabalho. Não vejo vida mais alegradora, gostaria de voltar pronto”.

O filósofo dispensaria passar pelo ciclo infância/criança/adolescência para reaparecer adulto: “Porque a fase infantil, essa de amadurecimento, eu dispensaria. Eu queria reaparecer exatamente de onde eu desapareci. Eu queria reaparecer já pronto e preparado para apresentar ao mundo aquilo que eu julgo ter de melhor. E se pudesse voltar nessa situação, nossa, como seria bom se fosse assim, é tão bom que eu tenho medo que seja só uma ilusão, só um desejo”.

Ao que o provocador, esquerdista e materialista diz: “Não tenha dúvida que é uma ilusão”.

Chico Xavier, quando estava doente e com um olho sem visão e outro com problemas, não tendo ido atender a fila imensa que o aguardava, viu surgir o espírito Emmanuel, que lhe diz: “Ter dois olhos é luxo, você está deixando a oportunidade de servir. Em uma nova encarnação, você vai passar pela infância. Aproveite o momento agora de que dispõe, para o bem”. E o mineiro, mesmo com dor, foi ao trabalho cristão de servir ao próximo sem nada exigir ou cobrar.

1) Antônio Abujamra faleceu aos 82 anos de idade, no dia 28 de abril 2015. 

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