Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Filha de Rafard, admiradora do poeta Rodrigues de Abreu

Minha mãe. Se me perguntam como era ela: – Era como se num muro velho florisse a primavera. Ou um raio de sol iluminando a terra, como a poesia é, num mundo de quimera. Assim era ela. Esmeralda Rosatto de Carvalho – Intimidade – Nova Consciência

Eu visitava a professora Esmeralda Rosatto de Carvalho, nascida em Rafard-SP (11/03/1929), mas residente em Capivari-SP, há muitos anos, com quem falava de livros, do Espiritismo e da vida pós-morte, e também de política e administradores de Capivari e do Brasil. Sempre coerente e serena. Nunca deixava de elogiar seus filhos e tinha estima e admiração pelo meu caçula, Venâncio.

Junto com seu esposo, fizemos uma edição especial de Casa Destelhada, na comemoração de cem anos de nascimento do poeta Rodrigues de Abreu (1897/1997). Contamos com a colaboração de empresários e a renda da venda foi destinada ao Lar de Jesus. A festa de lançamento foi na Câmara Municipal, à época na rua XV de Novembro, com apresentação do mestre de cerimônia Flávio Carvalho.

Ainda em outubro deste ano estivemos conversando, quando ela encomendou algumas agendas para presentear seus familiares. Esmeralda, confiante, falou das coisas da idade, que são trabalhosas devido à saúde do corpo que envelhece, a dificuldade em ouvir, mas tinha a bênção de ver, ler e caminhar, e me disse: “Arnaldo, então é certo que vou me encontrar com os meus entes queridos que partiram antes?”. Respondi afirmativamente, pois Jesus deu testemunho dessa verdade, e corriqueiramente sonhamos com nossos antepassados.

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No dia 18 de novembro a professora deixou as vestes físicas para vestir as vestes de luz – esposa, mãe, avó, bisavó, educadora e poetisa, retornou ao reinado de Deus ou ao Mundo dos Espíritos.

Quando de minha visita, ela me convidou para um refrigerante ou café, e fomos até a cozinha. E lá na cozinha, na parede de azulejo, revi um quadro com a foto de sua mãe e uma poesia dedicada a ela, com a qual eu me emocionei e também me lembrei da minha mãe. Que saudades da minha mãe, Maria Dolores, tão generosa e acolhedora de almas – foram onze filhos!

E reproduzo aqui a poesia da professora Esmeralda para sua mãe, que diz, de forma encantadora, as lembranças revividas:

Guarida (livro Intimidade)
“Trago bordada na alma
a beleza de minha mãe,
seu semblante tristonho, sua calma
me oferecem guarida e, até hoje,
você é para mim a lembrança mais querida.

Relembro nossa casa tristonha
naquela rua singela
Você enfeitava com paz, ternura, amor.
– Que vida boa era aquela!

O chão cimentado, o fogão de lenha
me lembro de tudo agora,
E o amor que nos deu
nunca foi, nem vai embora.

Volte em meus sonhos, mãe querida,
me fazer feliz como outrora,
Você é luz, é guarida,
saudade boa que nunca foi,
nem nunca irá embora.”

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