Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Já aprendemos a pensar por nós mesmos?

Recorda que o próprio Cristo, reconhecendo que os vencedores do mundo habitualmente se inclinam à vaidade – perigosa armadilha para quedas maiores –, preferiu nascer na palha dos que vagueiam sem rumo, viver na dificuldade dos menos felizes e morrer na cruz reservada às vítimas do crime e aos filhos da escravidão. Emmanuel (Chico Xavier) – Religião dos espíritos – FEB

Vivemos e nem sempre pensamos ou refletimos. Certamente você já ouviu alguém dizer que pensar dói. Um garoto de bicicleta parou para conversar comigo e, entre outros assuntos, me perguntou por que molhar as flores se tem chovido tanto? Falou que tem 16 anos e está no quinto ano escolar. Perguntei quanto era 6 x 8 ou então 8 x 6 e ele não sabia responder e nem quis continuar a falar comigo.

Conversava com minha revisora preferida e ela me dizia como é difícil entender as línguas dos povos e como surgem essas falas que se transformam em cultura depois.

Se coisas do cotidiano nos afetam e ficamos a imaginar como as coisas resultam e se desenvolvem, imagine, por exemplo, quando Pedro Álvares Cabral chegou nas terras de Santa Cruz e encontrou os primeiros habitantes humanos daqui, os índios – como eles vieram para cá? Quem que os antecedeu? Quem eram seus ancestrais? Parece complicado pensar sobre essas teorias, mas dois homens muito sábios, pesquisadores e inspirados, nos revelaram alguns aspectos. Quem são eles?

Allan Kardec, o pedagogo francês que usou um pseudônimo e não acreditou que uma mesinha sem nervos ou cérebro pudesse responder questões com inteligência, descobrindo assim o mundo espiritual e seus habitantes, através da faculdade mediúnica. Publicou em 1857 a obra desvendadora da vida e da morte – O Livro dos Espíritos.

Um livreiro na Espanha, Maurice Lachâtre, adquiriu uma partida de livros espíritas, que foram queimados em praça pública, por ordem do Bispo de Barcelona; este editou o “auto de fé”, sob a alegação de que: “A Igreja Católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que venham perverter a moral e a religião de outros países”. O mesmo eclesiástico recusou-se a reexportar as obras apreendidas, condenando-as à destruição pelo fogo.

O outro sábio, um pesquisador inglês que visitou o Brasil a trabalho, Charles Darwin, foi um importante naturalista. Nascido na Inglaterra, ficou conhecido por sua obra A origem das espécies, publicada em 1859 (dois anos após O Livro dos Espíritos), que contribuiu para o entendimento da evolução e, atualmente, é considerado um dos livros acadêmicos de maior influência na história. A teoria de Darwin defende que organismos vivos evoluem através de um processo que chamou de “seleção natural”.

Defendendo-se das críticas dogmáticas, Darwin afirmava acreditar em Deus: “Por maiores que tenham sido as crises por que passei, nunca desci até ao ateísmo, nunca cheguei a negar a existência de Deus”.

O escritor estadunidense crítico do racismo, Mark Twain, afirmava: “Toda vez que você se encontrar do lado da maioria, é hora de parar e refletir”. O poeta português, Alexandre Herculano, criticava a sociedade dizendo que “O homem é mais propenso a contentar-se com as ideias dos outros, do que a refletir e a raciocinar”.

Imaginemos as dificuldades do Cristo para vencer as barreiras da escravidão, da intolerância, do preconceito e das tradições judaicas e romanas. Se dói pensar no infinito, se dói pensar na eternidade, quanto dói pensar nos outros?

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