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Maconha vicia

02/04/2018

Maconha vicia

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

ARTIGO | Hoje já se sabe que não existe uma droga segura, todas vão causar danos. E das drogas conhecidas, a única que não tem prova de viciar é o café.

Segundo a especialista mundial sobre dependência química, psiquiatra Nora D. Volkow: sim, a maconha vicia. Ela afirma que cerca de 9% daqueles que experimentam maconha vão se tornar dependentes. Entre os que fumam maconha todos os dias, a taxa de dependência chega a 50%.

O uso compulsivo da maconha, hoje, é maior do que era há 20, 30 anos e, de acordo com as evidências, quanto mais cedo o indivíduo começa a usá-la, maiores são os danos físicos e a compulsão. Um em cada seis garotos que começam a usar a droga na adolescência se torna dependente – é surpreendente.

Atualmente, adolescente de 12, 13 anos, às vezes até mais novos, estão usando maconha, e o problema se agrava. Além disso, as concentrações de THC (princípio ativo da maconha) aumentaram muito nos últimos tempos. Na década de 1960, andavam por volta de 0,5%; agora, alcançam 5%. A maconha de hoje é 10 vezes mais potente do que era naquela época.

Em entrevista, o médico psiquiatra Ronaldo Laranjeira (coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade de Medicina da UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo), diz que, diante desse quadro, “a Escola Paulista de Medicina sentiu a necessidade de montar um ambulatório só para atender os usuários de maconha; há uma lista de espera composta por adolescentes e jovens adultos desmotivados, que fumam seis, sete baseados por dia e não conseguem fazer outra coisa na vida. Isso não acontecia quando a concentração de THC era mais fraca, e o acesso à droga, mais restrito”.

Fui convidado a conversar com um jovem, a pedido dos pais, que estava fazendo uso de maconha e levava uma vida letárgica. Encontro o jovem que estava saindo de sua casa com seu skate para encontrar com os amigos.

“Olá, tudo bem? Você está estudando?” “Não.” “Você está trabalhando?” “Não.” “Você está namorando?” “Não.“

Vinte e três anos, mas com comportamento de 14: preocupado apenas em brincar.

Um dos frutos do uso severo da maconha.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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