ColunistasLeondenis Vendramim

Direito e Democracia 14

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História

Ruy Barbosa (1849-1923), poliglota, advogado, senador, dos mais cultos brasileiros, presidente da Academia Brasileira de Letras fez um desabafo na tribuna do Senado brasileiro no dia 14/12/1914, referindo-se a uma chacina de presos (conhecida como Caso Satélite) sob custódia do governo e que ficou impune. Disse:

“A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal de nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo o nosso descrédito, é a miséria suprema de todo o nosso descrédito, é a miséria de nossa pobre nação.

A sua grande vergonha diante do estrangeiro… A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem, cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão… no acaso da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade …promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, do todas as suas formas.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

Jesus ensinou valores estranhos para nós do século 21, pois nos habituamos à inversão de valores. Se há dois séculos, quando a qualidade moral era bem mais elevada entre os políticos, quão funesta é a imoralidade dos líderes da nação sobre seu povo! Deus tenha misericórdia de nós! Ensinam o “jeitinho brasileiro”, oferecer propinas, fraudar o INSS, a furar filas, desacatar as regras de trânsito, as autoridades, desrespeitar os direitos dos idosos, reclamar os direitos sem cumprir os deveres, burlar o fisco, etc.

Jesus veio preconizar valores morais estranhos para os terráqueos do século 21, afeitos a todo o viver antagônico ao celestial. Vejam os leitores se não é estranho:

“Felizes os pobres de espírito porque deles é o reino dos céus” (Mt 5:3) Refere ao pobre espiritual, que se reconhece pecador, necessitado de perdão e ajuda para vencer seus defeitos morais. A culpa é sempre dos outros. Mas o são não precisa de médico, o rico, de ajuda, o justo, de perdão.

“Felizes os que choram, porque serão consolados” (Mt 5:4). Choro é devido à tristeza, dor, problemas, remorso. Ninguém quer essas coisas. Mas só os tristes necessitam de consolo, os arrependidos, de perdão.

“Dá ao que te pede e não voltes a costa a quem te pede emprestado” (Mt 5:42).

“Amai vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem” (Mt 5:44).

Deve-se perdoar até 490 vezes àquele que pede perdão (Mt 18:21-22).

“Se teu irmão pecar contra ti, vai tu e fala com ele” (Mt 18:15).

Aos que te ofendem aos gritos, a receita de Jesus é: “A resposta branda desvia o furor (Pv 15:1); Não vingues do mal, espera no Senhor e Ele te livrará (Pv 20:22)

Se teu inimigo tiver fome dá-lhe de comer, se tiver sede, dá-lhe de beber. (Pv 25:21-22).

A oração mais proferida pelos cristãos é: perdoa-me do mesmo jeitinho que eu perdoo aos que ofendem Mt 6:12). Preste atenção, talvez você esteja pedindo sua condenação. Mude. Quiçá seja melhor pedir: Ajuda-me a perdoar do jeitinho que o Senhor me perdoa.

Um pensamento de Martin L. King para reflexão:

– “O ser humano deve desenvolver, para todos os seus conflitos, um método que rejeite a vingança, a agressão e a retaliação. A base para esse tipo de método é o amor.

“A maior necessidade do mundo é a de homens – homens que não se comprem nem se vendam: homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.

Mas um caráter tal não é obra do acaso; nem se deve a favores e concessões especiais da Previdência. Um caráter nobre é o resultado da disciplina própria, da renúncia do eu para o serviço de amor a Deus e ao homem.” E. G. White. Educação, p. 57

Creio que é tempo de voltarmos para a moral divina, ou enfrentaremos o tribunal que nos condenará.

ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
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Jornal O Semanário

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