Leondenis Vendramim

500 anos da Reforma Protestante – 10

23/03/2018

500 anos da Reforma Protestante – 10

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | O papado era religiosa e politicamente absolutista e exercia seu poder com todo o rigor, impunha suas crenças, e aqueles que pensassem diferente eram considerados hereges, “satanistas”, “fundamentalistas”, e deveriam ser destruídos. Assim queimaram vivos Huss, Jerônimo e milhares de outros. Lutero escapou da fogueira por intervenção de Frederico da Saxônia, Galileu Galilei, em 1633, por ensinar o heliocentrismo, também se safou. “Urbano II estava mais motivado em destruir os ‘infiéis’ orientais e hereges para usurpar suas riquezas do que catequizá-los” (Do Imaginário à Santa Inquisição, 22). Ele viajou pela Europa por dois anos para convencer reis e nobres da importância da “guerra Santa”. Convocou o Sínodo de Clermont de Ferrant em 1095 para tanto. Prometia perdão a todos os criminosos, a libertação do purgatório e do inferno e um lugar no céu a todos os que empunhassem armas e lutassem contra huguenotes e outros inimigos. O Papa Lúcio III (1181-1185) e Inocêncio III fomentaram a inquisição. Em 1229, no Concílio de Tolouse, foi oficialmente criada a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, sob a liderança do Papa Gregório IX; em 1252, o Papa Inocêncio IV publicou o documento intitulado “Ad Exstirpanda”, e ordenou: “os hereges devem ser esmagados como serpentes venenosas”. Este documento foi fundamental na execução do plano diabólico de exterminar os “hereges”. As autoridades civis, sob a ameaça de excomunhão no caso de recusa, eram obrigadas a queimar os hereges condenados pelos cardeais. O “Ad Exstirpanda” foi renovado ou reforçado por vários papas: Alexandre IV (1259), Clemente IV (1265)… Em 1320 João declarou oficialmente que a bruxaria, e a religião pagã constituíam uma “ameaça hostil” ao cristianismo. Afirmavam os clérigos que assim como Satanás é o arqui-inimigo de Deus e do cristianismo, quanto mais os ”satanistas” (protestantes) sofressem, mais alegrariam a Deus e teriam indulto mais eficiente. O prelado inspirava-se no direito romano que tinha a prática da tortura. Os juízes do Santo Ofício torturavam até à morte para obter a confissão dos hereges, argumentando, que o fato de serem suspeitos evidenciava a culpabilidade, além do que se a vítima morresse inocente, a tortura lhe serviria como passaporte para o Céu. O processo da Inquisição foi, a priori, da incumbência dos dominicanos.

O monge Bernardus Guidonis descreveu algumas das torturas:

1 – deslocar as juntas do corpo; arrancar as unhas; 2 – queimar com ferro em brasa várias partes do corpo; 3 – rolar o corpo sobre lâminas afiadas; 4 – calçar – “botas espanholas” que esmagam as pernas e os pés; 5 – colocar o “herege” dentro da “Virgem de Ferro” (uma boneca oca com pregos) que lhe dilacera o corpo; 6 – amarrar e suspender o suspeito violentamente, provocando deslocamento das juntas; 7 – derramar chumbo derretido no ouvido e na boca da pessoa amarrada numa mesa; 8 – arrancar os olhos; 9 – açoitar com crueldade; 10 – obrigar o acusado a pular sobre paus pontiagudos num abismo; 11 – engolir pedaços do próprio corpo, excrementos e urina; 12 – amarrar na “Roda do Suplício” que ao girar descia uma serra num vai/vem serrando lentamente o martirizando; 13 – amarrar pulsos e tornozelos e estirar a pessoa até arrancar seus membros. 14 – torniquete (torcer com uma fita de couro na cabeça) até estourar o crânio. 15 – sentar numa cadeira com pregos (no assento, encosto e braços). 16 – imobilizar o réu de barriga para cima e força-lo a engolir vários litros de água por um funil. 17 – Amarrar em uma roda girando sobre braseiros. 18 – suspender o acusado, preso pelos membros, alguns metros e jogá-lo bruscamente no chão.

Se o confesso ainda estivesse vivo seria morto. Ainda existem em museus tais máquinas usadas na inquisição para obter a confissão. Algumas dessas máquinas estiveram expostas em Paulínia. É difícil aceitar que “santos” papas e correligionários, fossem tão cruéis e tão repugnantes, que essa sanha crudelíssima fizesse parte do caráter de “santos padres”. “A Mulher (Igreja estava) embriagada com o sangue dos santos e das testemunhas de Jesus” (Ap. 17:6). Você é o juiz, julgue.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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