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A pressa que mata o futebol brasileiro

Marcel Capretz, colunista esportivo

Começamos a semana tendo um novo líder do Campeonato Brasileiro. E com a chegada do Santos ao primeiro posto do Brasileirão já começamos a ouvir elogios desmedidos a equipe de Jorge Sampaoli e críticas pesadas ao Palmeiras, segundo colocado (!), e até ao Flamengo, que é o terceiro – as críticas ao time flamenguista cessaram temporariamente por conta da vitória em cima do Botafogo no domingo.

Veja que curioso, para não falar raso e triste: com uma vitória a crítica diminui. Mas com uma derrota ela volta. Coisas do nosso futebol.

Jamais vou culpar o torcedor por nada. É ele a razão da existência dessa gigantesca industria da bola. Mas a euforia e a crítica exagerada parte principalmente de quem está na arquibancada.

Podemos questionar qual o peso nisso tudo da falta de preparo de muitos dirigentes e da cobrança da imprensa por resultados.

Por isso prefiro colocar tudo junto no liquidificador e ter como fruto disso a cultura do futebol brasileiro, que glorifica e derruba tudo com uma rapidez incrível. Sem muita análise de contexto e circunstâncias.

É claro que o trabalho de Sampaoli é bom. Há uma clara intenção no jogo dele e os atletas compraram e assimilaram a ideia muito rapidamente. O Santos é o time que mais sabe usar a posse de bola no Brasil.

Ela é meio para a criação de jogadas de finalização e não um fim nela mesmo. Porém eu me questiono se essa performance será sustentada quando tivermos dois jogos por semana no Brasileirão.

O elenco santista é enxuto. Quando reposições forem necessárias tenho dúvidas sobre a manutenção da qualidade do jogo.

Do outro lado, o Palmeiras não era um super time quando liderava o Brasileirão com folgas e não é péssimo agora que está apenas dois pontos atrás do Santos.

É evidente que a equipe palmeirense tem enfrentado problemas coletivos tanto para atacar como para defender, mas em nada justifica alguns torcedores protestarem, usando o termo “pipoqueiro” para se referir aos atletas.

E sobre o Flamengo, todos sabiam que não seria fácil o começo de trabalho de um técnico estrangeiro no meio da nossa temporada, já com inúmeras decisões e pouco tempo para treinar. Ou a diretoria flamenguista não sabia o “projeto” que estava comprando?

Verdades absolutas no futebol de hoje morrem amanhã. Com apenas doze rodadas é impossível cravar, por exemplo, que o Santos será campeão.

Continuo com ressalvas sobre a qualidade técnica do elenco de Vila Belmiro. Ou cravar que o castelo palmeirense já começou a desmoronar e o clube não ganhará nada neste ano. Ou então taxar como fracasso a passagem de Jorge Jesus no Flamengo caso a equipe seja eliminada da Libertadores.

Não é uma questão de ficar em cima do muro. E sim entender a complexidade do jogo de futebol e ponderar que inúmeras variáveis determinam o resultado de uma partida e de um campeonato. Circunstâncias positivas e negativas não podem taxar todo um trabalho. Melhor ter cautela hoje do que rever opiniões amanhã.

ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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